Não sabemos gerir crises

Durante muito tempo se associou a comunicação ao departamento do croquete. É verdade, e podemos dizê-lo sem hipocrisia. Na faculdade, os intelectualóides iam para

Durante muito tempo se associou a comunicação ao departamento do croquete. É verdade, e podemos dizê-lo sem hipocrisia. Na faculdade, os intelectualóides iam para Jornalismo (a pensar que íamos mudar o mundo com toda a verdade que existe dentro de nós), os criativos para audiovisual, para serem os novos Almodovares, os irreverentes iam para marketing e publicidade, e depois havia o pessoal de comunicação.

No íntimo, sabíamos que esses é que iriam ganhar dinheiro, mas éramos jovens idealistas e não ficava bem dizer tal coisa em voz alta. Dentro de uma empresa, o departamento de comunicação deve ter ligação directa com a primeira linha de decisão porque, quer as coisas corram bem, quer corram pior, eles é que terão que dar a cara, sempre com o devido aconselhamento de comunicação (a coisa a ser perfeita, os decisores inclusive já tiveram o media training).

E porque é que isto é importante? Porque hoje em dia, todos os colaboradores devem ter capacidades de comunicação. Que os mais tímidos e introvertidos não fiquem nervosos porque já lá vai o tempo em que só as pessoas muito faladoras e bem dispostas é que sabiam comunicar. Ajuda? Claro que ajuda. A empatia na comunicação facilita o entendimento da mensagem, mas não é somente por isso que funciona.

 Aproveito, nesta onda, para chamar a atenção para que todos sejamos eficientes na comunicação, e para reforçar essa ideia, conto um episódio com uma companhia aérea.

O voo era nocturno e o avião tinha cerca de 150 pessoas. Sentados prontos para partir, a energia vai abaixo. Ora, por muito que estejamos habituados, quando a energia de um Boeing vai abaixo não é bom sinal. No entretanto, o ar condicionado desliga-se e os passageiros só vêem a equipa de bordo a andar de um lado para o outro; a situação repete-se cinco vezes: tentativa de ligar os motores, aceleração, avião desligado, ar condicionado sem funcionar; acrescenta-se o nervosismo a crescer, o choro das crianças e os gritos do comandante com a equipa de terra.

 No meio de todo este cenário, não houve um único momento em que a equipa que dava assistência explicasse o que se passava. ‘Estamos a tentar ligar os motores’, foi das frases mais profundas que proferiram. Por aconselhamento da equipa, todos os passageiros saíram e foi-nos dito, em terra, que viria um outro avião para resolver o assunto. Passadas seis horas, toda a gente teve que voltar para o primeiro avião, que com a insistência do comandante, lá levantou voo.

 O que é que está errado aqui? Tudo. Dentro do avião, a equipa optou por não explicar as coisas aos passageiros, criando indignação e buzz negativo nas redes sociais (lives, stories e por aí em diante). Em terra, a opção da mentira, não foi claramente a melhor. E tudo isto, porque ninguém explicou que havia problemas no aeroporto, que levaram a que o kick inicial, ao avião, não tivesse a ser transmitido.

Ali, todos perderam dinheiro: os clientes, porque perderam tempo, e alguns deles o voo porque se foram embora; já a companhia, perdeu naquele momento muito mais do que clientes; perdeu a confiança dos consumidores.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Publicidade

Artigos Relacionados

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Log In

Forgot password?

Forgot password?

Enter your account data and we will send you a link to reset your password.

Your password reset link appears to be invalid or expired.

Log in

Privacy Policy

To use social login you have to agree with the storage and handling of your data by this website. %privacy_policy%

Add to Collection

No Collections

Here you'll find all collections you've created before.

pt_PTPortuguese
Close